segunda-feira, abril 17, 2006

Coração de Arame


Na noite riscada de estrelas cadentes,
Mais numerosas e breves que os desejos que se possam formular,
Prometi esperar por ti.

Mas o sono ronda o corpo até encontrar,
uma ferida por onde entrar
e adormece o sangue num torpor de chumbo,
rarefaz a luz e coagula o ar na árvore dos pulmões.

E quando desperto estou rodeado de constelações desconhecidas
e o mundo afogou-se em silêncio para lá dos meus dedos

"O que perdeste?"
"O meu coração de arame"

José Carlos Fernandes, 1997

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