sexta-feira, julho 27, 2007

nua - aquele que nos compreende escraviza alguma coisa em nós


preciso de ti nua,
sem artificios nem protecções,
sem disfarces nem vicios de outros.

O toque da tua pele faz-me teu,
mas as tuas luvas fazem-me alergia.

Quando escondes os teus olhos fazes-me chorar,
(e odeio ver as lágrimas)
mas os teus olhos fazem-me tiques,
e o sorriso é um deles.

Porque é que não consegues ignorar os outros,
porque tentas viver nessa normalidade...
liberta a tua loucura, meu amor.

vive por ti,
dança quando só tu ouves música,
sorri quando andas no silêncio,
atreve-te a ser feliz só por pensares em mim.

liberta a tua loucura,
lixa a normalidade...

e hás-de reparar que não estarás só,
estarás rodeada de pessoas nuas.

pic MatthewCooke



"
Perguntais-me como me tornei louco. Aconteceu assim:

Um dia, muito tempo antes de muitos deuses terem nascido, despertei de um sono profundo e notei que todas as minhas máscaras tinham sido roubadas – as sete máscaras que eu havia confeccionado e usado em sete vidas – e corri sem máscara pelas ruas cheias de gente gritando: “Ladrões, ladrões, malditos ladrões!”

Homens e mulheres riram de mim e alguns correram para casa, com medo de mim.

E quando cheguei à praça do mercado, um garoto trepado no telhado de uma casa gritou: “É um louco!” Olhei para cima, para vê-lo. O sol beijou pela primeira vez minha face nua.

Pela primeira vez, o sol beijava minha face nua, e minha alma inflamou-se de amor pelo sol, e não desejei mais minhas máscaras. E, como num transe, gritei: “Benditos, benditos os ladrões que roubaram minhas máscaras!”

Assim me tornei louco.

E encontrei tanto liberdade como segurança em minha loucura: a liberdade da solidão e a segurança de não ser compreendido, pois aquele que nos compreende escraviza alguma coisa em nós."

Kahil Gibran

4 comentários:

nOgS disse...

A imagem é sublime e otexto então...

Está mesmo divinal.

Um beijo

Catarina disse...

Acho que Kahil Gibran tem razão, "aquele que nos compreende escraviza alguma coisa em nós"...

Bonito post *

100 remos disse...

É...e ao provar a loucura dos outros, experimentamos também a nossa.

Anónimo disse...

"Perguntais-me como me tornei louco. Aconteceu assim:

Um dia, muito tempo antes de muitos deuses terem nascido, despertei.


um dia,quando eu estava no limite diziam "a tua escrita é uma arte".

mas, o limite não é arte. o limite é dor e sofrimento, tem lugares estranhos e muito assustadores.

e quando isso acontece só nos resta despertar... e "elouquecer".